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  EDITORIAL  

Maio, 1º de Maio. Comemorar ou chorar?

A todos, que saíram às ruas,
De corpo-máquina cansado.
A todos, que imploram feriado,
Às costas que a terra extenua - Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário - Este é o meu maio!
Sou camponês - Este é o meu mês.
Sou ferro - Eis o maio que eu quero!
Sou terra - O maio é minha era!

"Meu Maio" - Vladimir Maiakóvski

Baixos salários e jornadas de trabalho que se estendiam além de 16 horas diárias, esta era a realidade nas indústrias da Europa e dos Estados Unidos, no final do século XVIII e durante o século XIX.

Os operários fabris na Inglaterra trabalhavam cerca de 14 horas por dia de jornada ininterrupta, suportando temperaturas elevadas, em ambientes insalubres.

No século XIX era comum o trabalho de crianças, mulheres grávidas e homens ao longo de extenuantes jornadas de trabalho. Situação que persiste até hoje, em algumas regiões do Brasil, incluído aqui também o trabalho escravo.

Quando milhares de trabalhadores de Chicago, tal como de muitas outras cidades americanas, foram para as ruas no 1º de Maio de 1886 para reivindicar pela jornada de oito horas, seguindo os apelos dos sindicatos, não esperavam a tragédia que marcaria para sempre esta data.

No dia 4 de Maio, durante novas manifestações na Praça Haymarket, uma explosão no meio da manifestação serviu como justificativa para a repressão brutal, que culminou com mais de 100 mortos e a prisão de dezenas de militantes operários e anarquistas.

A justiça levou a julgamento os líderes do movimento, Albert Parsons, August Spies, Samuel Fielden, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michael Shwab, Louis Lingg e George Engel.
Parsons, Engel, Fischer e Spies foram executados na forca em 11 de Novembro de 1887; Fielden e Schwab condenados à prisão perpétua e Neeb a quinze anos de prisão. Lingg, o mais jovem, suicidou-se na cela.

Este episódio marcante para o conjunto dos trabalhadores, conhecido como os "Mártires de Chicago", tornou-se o símbolo e marco para uma luta que a partir daí se generalizaria por todo o mundo.

Na época, o Chicago Times afirmava:”... o único jeito de curar os trabalhadores do orgulho é reduzi-los a máquinas humanas, e o melhor alimento que os grevistas podem ter é o chumbo.”
Seis anos mais tarde, em 1893, a condenação seria anulada e reconhecido o caráter político do julgamento, sendo então libertados os réus ainda presos.

Com as decisões do Congresso de 1888 da Federação Trabalho Americana (AFL) e do Congresso Socialista de Paris, de 1889, de declararem o 1º de Maio como Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores, o Sindicalismo em todo o mundo adotou essa data de luto e de luta.

É bom frisar que os Estados Unidos da América do Norte não aceitam o Dia do Trabalho em 1º de Maio.

Quanto às oitos horas de trabalho, essa reivindicação que daria origem ao 1º de Maio, tornou-se lei. Passado mais de um século, os progressos tecnológicos, a organização do trabalho e a conjuntura das relações do trabalho permitiram ampliar a produtividade a patamares inimagináveis, as oitos horas persistem ainda como jornada de trabalho da maioria dos assalariados, não havendo avanço, na direção de jornada menor.

No Brasil a partir de 1895, iniciaram-se os atos do 1º de Maio, em várias cidades, sendo publicados jornais especiais dedicados ao dia dos trabalhadores e números especiais da imprensa operária comemorando a data. Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Santos, Porto Alegre e Pelotas foram alguns dos centros urbanos onde o nascente sindicalismo brasileiro, todos os anos comemorava esse dia, à margem da legalidade.

No mínimo há três décadas assistimos a fragilização dos direitos dos trabalhadores (incluídos os referentes a segurança e saúde nos locais de trabalho), perante a lógica cruel da competitividade e que na linguagem econômica do ultraliberalismo é relatado como eliminação das distorções do mercado.

A reivindicação de direitos conquistados historicamente pelos trabalhadores passa a ser objeto de discussão. A lógica ultraliberal permite cada vez mais a exploração absoluta da força de trabalho. De forma articulada os detentores do Capital, colocam em cheque a todo momento a CLT( Consolidação das Leis do Trabalho) que em pleno século XXI não conseguiu impedir a existência do trabalho escravo, do trabalho infantil e de todas as formas de exploração da força de trabalho operária.

Comemoramos mais um 1º de Maio, muita luta ainda se apresenta no horizonte. Como em outros anos muita festa, relativa a atividade transformadora exercida pela mulher trabalhadora e pelo homem trabalhador, comemoração da capacidade de inventividade e criação de toda a humanidade.

Também deve ser um dia de luto e luta, lembrando todas as mobilizações por melhores condições de vida e trabalho. Desta forma, um dia de reflexão.

Os trabalhadores como sempre saberão conter com energia as propostas que queiram lançar por terra direitos duramente conquistados, nestes mais 120 anos de muita dor e exploração.

Engº Cezar Benoliel
Presidente da ALAEST

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Força destruidora -Engº Cezar Benoliel
Maio, 1º de Maio. Comemorar ou chorar? - Engº Cezar Benoliel

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